22/09/08

Tu...Que me pertenceste...


Tento fechar essa porta e trancá-la para sempre, ver a luz num só repente suspirar e te ignorar. Não quero mais ver do outro lado, não mais quero ver a tua imagem, faço em mim uma viagem, uma viragem no meu ser. De futuro apenas eu! E em ti nada mais importa... digo adeus a esse céu e fecho definitivamente aquela porta! Essa imagem que rejeito esse corpo que recuso ver, essas marcas que me mostras, és tudo o que eu quero esquecer. Temo de longe o longo tempo em que eras céu reflexo em mim, em que eras mar no firmamento, doce aroma de jasmim. Flor de encanto, de cor azul, luz cadente, sol, luar mel e pluma num só tempo, num só gesto para amar. Mas num repente tudo muda, num suspiro, numa sombra que surgiu sobre um ser a quem o canto, o silêncio lhe aplaudiu. Então tempo vida e mundo todos, tudo então morreu. Então tempo lá no fundo todos vivem menos eu. O que te move e o que me move? O que nos faz então fazer...fazer parte de um mundo onde não escolhi viver?!!! É horrível quando dou pela tua presença. É horrível quando olho para trás e te vejo invariavelmente em cada momento da minha vida. É horrível quando me atraso, tendo a ideia de chegar antes de ti, e tu me ultrapassas sem a menor piedade. É horrível quando passas por mim e não me avisas. És horrível porque não és verdade, nem mentira. És horrível porque estás sempre a tempo e com tempo para tudo. És horrível porque és um inimigo camuflado, que me ilude. Desculpa dizer-te isto mas...mesmo que fosses diferente, eu achar-te-ia sempre horrível! Desse dom de sonhar me resta tão pouco e dessa inquietação tanto me resta... dessa fresta por onde se esvaiem os sentidos e sentimentos que ventos levarão um dia, dessa loucura e desse vazio tedioso que tanto contenta como nada alenta,muita vez... dessa luz por vezes fraca e outras enfraquecida... resto eu mesma... apenas eu desiludida! Cala-te um pouco por favor! Porque preciso de silêncio,de tempo e de espaço para poder pensar! Em quê não sei bem...mas deixa-me ser livre, deixa-me pensar naquilo e naqueles que desconheço. Em tudo o que nunca vi, nem tão pouco vivi. Deixa-me pensar nas saudades que já tenho daquilo e disso, de tudo e de nada. Deixa-me ter saudades, deixa-me viver e não temer a tua vinda como uma criança desamparada. Deixa-me buscar o equilíbrio que preciso, não o escondas por maldade! Quero acreditar que és na verdade, um começo e não o fim!

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