
Tento fechar essa porta e trancá-la para sempre, ver a luz num só repente suspirar e te ignorar. Não quero mais ver do outro lado, não mais quero ver a tua imagem, faço em mim uma viagem, uma viragem no meu ser. De futuro apenas eu! E em ti nada mais importa... digo adeus a esse céu e fecho definitivamente aquela porta! Essa imagem que rejeito esse corpo que recuso ver, essas marcas que me mostras, és tudo o que eu quero esquecer. Temo de longe o longo tempo em que eras céu reflexo em mim, em que eras mar no firmamento, doce aroma de jasmim. Flor de encanto, de cor azul, luz cadente, sol, luar mel e pluma num só tempo, num só gesto para amar. Mas num repente tudo muda, num suspiro, numa sombra que surgiu sobre um ser a quem o canto, o silêncio lhe aplaudiu. Então tempo vida e mundo todos, tudo então morreu. Então tempo lá no fundo todos vivem menos eu. O que te move e o que me move? O que nos faz então fazer...fazer parte de um mundo onde não escolhi viver?!!! É horrível quando dou pela tua presença. É horrível quando olho para trás e te vejo invariavelmente em cada momento da minha vida. É horrível quando me atraso, tendo a ideia de chegar antes de ti, e tu me ultrapassas sem a menor piedade. É horrível quando passas por mim e não me avisas. É horrível porque não és verdade, nem mentira. É horrível porque estás sempre a tempo e com tempo para tudo. É horrível porque és um inimigo camuflado, que me ilude. Desculpa dizer-te isto mas...mesmo que fosses diferente, eu achar-te-ia sempre horrível!
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